That´s some bad hat Harry.
do filme Jaws
É preciso histórias. É preciso
recontá-las. Essa é só mais uma vez.
A dúvida amarra a religião, assim como a
busca pelo dinheiro amarra o mercado e como gosto cultural amarra um povo.
Japoneses gostam de peixe fresco. Sendo assim, o peixe deve ser pescado e
imediatamente consumido, o problema está em não haver tanto peixe para ser pescado
e consumido na costa do Japão. Há mais japoneses que peixes japoneses. Então a
busca pelo dinheiro fez com que os barcos fossem cada vez mais longe, para
pescar os peixes na quantidade necessária. O problema foi que devido à
distância os peixes não voltavam frescos, e como já foi dito, japoneses gostam
de peixe fresco.
Houve a idéia de congelar os peixes ainda
nos barcos, que vinham de cada vez mais longe. Peixe congelado não é fresco,
diria sabiamente um japonês. O que fazer então? Parar com os peixes? Não. Houve
a idéia de criar tanques nos barcos. Os peixes não seriam mais pescados, seriam
só, e somente só, capturados. Porém, vida em um tanque não é igual à vida no
oceano. Os peixes, após poucas horas, estavam fatigados do seu próprio
movimento, estavam rendendo-se à clausura forçada, deixando-se morrer, ficando
assim, em um estado de pré-morte, com o gosto metafórico da tristeza e da
desilusão. O gosto da falta de fibra daqueles que já não lutam, daqueles que só,
e somente só, assistem ao espetáculo. São as crianças e os velhos, etários ou
psicológicos.
Um peixe desiludido não é fresco, fato
facilmente constatado pelo gosto japonês. Houve então a solução, não-óbvia, mas
demasiadamente eficiente. Soltaram, em cada tanque, um tubarão. Se alguns
peixes não foram comidos? Sim foram, mas os que restaram, como estavam vivos.
Não há nada que faça sentir-se mais vivo do que a espreita da morte, o medo
supremo batendo à porta do coração, causando a inquietação aguda da vida, a
vibração típica do existir.
Ao invés de parar, complique. Só colocando
um tubarão no tanque é que você verá o verdadeiro peixe. E assim pode até conseguir
o sucesso... Como aqueles peixes, que após a grande luta, ganharam a glória de
poderem ir, finalmente frescos, para o prato do freguês japonês.
adorei essa historia...
ResponderExcluirGosto desse texto, mas...
ResponderExcluir"[...] daqueles que só, e somente só, assistem ao espetáculo. São as crianças e os velhos, etários ou psicológicos." Como assim? Crianças e "velhos" são apenas espectadores?
Quando muito pequenas ou muito velhas as pessoas não tem independência. O mundo é dos adultos. Neste sentido que quis dizer...
Excluir