segunda-feira, 21 de maio de 2012

AUTOR DESCONHECIDO


"O problema com frases na internet é que é difícil conferir a sua autenticidade"
Abraham Lincoln



Explicando então, pela última vez: Autor Desconhecido não existe! Ele é fruto das duas maiores características humanas, a preguiça e a canalhice. A preguiça vem do fato de não se prontificar a fazer uma pesquisa simples, tipo colocar em algum Google da vida a frase entre aspas e ler, pelo menos, mais de um resultado para garantir a procedência. A canalhice vem do fato de, achando a frase-citação boa, ela torna-se sua. Grandíssima falta de ética, na minha humilde opinião.

Temos então este herói moderno, o Autor Desconhecido. O profissional mais altruísta do capitalismo selvagem.  Ele não quer divulgar seu nome nas coisas que escreve, seu intuito é apenas produzir para jogar ao vento, para espalhar a arte, para que o resultado de seu árduo trabalho seja de domínio público. Ele quer virar spam no seu e-mail, quer virar uma apresentação de Power point, quer virar uma frase no mural do face. Muito legal, só que não.

A vida está corrida. A comunicação é rápida. Mas tudo tem limite, cazzo. Não publique uma frase do Veríssimo que não é dele, nem da Clarice, nem do Kennedy. Verifique antes. Atualmente onde somos todos igualmente únicos, você vai parecer mais inteligente.


Assinado: Eduardo Dias

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O retorno do artista


Ultimamente este blog estava tão mudo quanto o ator d`Artista.

Tá corrido, tá corrido... Parece ser uma unanimidade. A maior parte das pessoas que conheço está assim: E aí, tudo bem? Tudo bem... Mas tá corrido! Por quê? Ué Eduardo, sei lá, tá corrido!

A vida está corrida!

Desde que me mudei, há quase 1 ano atrás, já fui ao Rio algumas vezes. Sempre a trabalho. Dessa vez foi lazer. Quinta, dia 3, para o show do Noel Gallagher. Sexta de folga. Tudo esquematizado para não dar errado, para ser relax. Haha. Mas a vida está corrida! Quinta foi daqueles dias que o bicho pegou. Daqueles dias que você recebe uns 10 e-mails enquanto almoça, uns 7 com o título de URGENTE!. Chego no Santos Dummont a uma hora do show, ligo o celular, uma mensagem tipo assim: “Eduardo, não concordo com a informação X, favor revisar o relatório, preciso da informação amanhã de manhã para reunião com os acionistas. Ass: Chefe”. Depois do show ainda vou ter que ver isso, pensei. Saco.

Deixei a mochila na casa de amigos. Fui para o show. Fila. Trocar ingresso, etc. Acho que pela primeira vez na história deste país um show começou na hora marcada. Era 21:30! E eu estava na fila ainda. Estava careta. Nem uma cervejinha deu para comprar, pois seria outra fila a encarar. Entrei careta mesmo, lá pela 2ª música. Tudo conspirando contra.

Quem me conhece sabe que sou fã do Oasis. Fã do irmãos Gallagher por extensão. Nos outros 2 shows do Oasis que fui, além deste no Noel, a mesma história: Lugares relativamente pequenos. Mas acho até bom. Concentra os fãs. E fãs não são pessoas normais. São doentes! Mesmo!

E eu, que estava preocupado com trabalho e sem uma gota de álcool, chapei. Pulei, cantei, me diverti. Acho que não tem definição melhor que uma música do Titãs, Comida, que diz: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...” Quando algo te toca, algo que você considera arte te toca... É diferente. É bom. Você chapa estando careta.

Chapei!

Ponto alto do show: Naquele intervalo besta antes do bis, que o artista finge que acabou para depois voltar, uns fãs-doentes puxaram uma música: Rockin Chair. Esta é uma música b-side, como dizem. Daquelas que não foram gravadas no álbum. Uma música que até onde sei, o Oasis tocou uma única vez ao vivo em 15 anos de carreira. Ela só foi gravada em um cd com outras b-sides. Enfim, coisa rara. Eu mesmo, que cresci ouvindo estes caras, não sei a letra dessa. E o pessoal puxou e todo mundo cantou. O Noel frio e escroto voltou para o bis sorrindo e batendo palma. Super simpático. Veja no vídeo. Lá pelo tempo 00:50 todo mundo batendo palma... Arrepia, né? Valeu a noite. Valeu o relatório. É minha música favorita por enquanto.




Lembra que a vida é curta e que se emocionar é preciso. Sem auto-ajuda. Cheers!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

RODA VIVA


Vinte e cinco anos. Um quarto de século.  Uma eternidade para uma criança e um nada para o universo. O que imaginava que teria com 25 anos? O que você realmente tem com 25 anos? Daqui a 25 anos, quais serão suas lembranças desse ano?

Se fosse possível dar presentes imateriais, seriam saúde & sorte. Porque na vida, inevitavelmente... Haverá amarguras, mas sem depressão. Haverá perdas, algumas recuperáveis, outras não. Haverá oportunidades, é preciso aproveitá-las. E como nem tudo está sob nosso controle, a sorte é sempre bem-vinda.

Admirável. Amiga. Ambígua. Amante. Mesmo parecendo que foi ontem, faz 6 anos que a gente cultiva a mais linda roseira que há.

Feliz aniversário querida. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O BARCELONA E O SEXO (da série, TEXTOS DE SEGUNDA)


Acaba o jogo e o Santos permanece em campo.
Pra evitar de tomar mais um gol do Barcelona.
O melhor do Twitter - Popload

Que time chato do car...
 73% de posse de bola para o Barcelona. 27% para o Real Madrid.
Barcelona 2 x 1 Real Madrid - 18.01.2012


Acho que já contei a teoria que roubei do JP Coutinho, que descreve o fenômeno de uma equipe ser o prolongamento natural do técnico na intimidade. Vamos, então, atualizar alguns perfis:

Mourinho, técnico do Real, português, arredio, reclamão, bufante... Preza pela objetividade e às vezes exagera na força. Tem lá seu charme, mas a ansiedade pode fazer errar a hora de atacar. No amor e na vida, perdeu o momento, a fila anda.

Muricy, técnico do Santos, sisudo. Claramente é um homem que não veio ao mundo a passeio e não está para meras brincadeiras. Aqui é trabalho, meu filho. Amante dedicado, metódico, erra ao privar a parceira de algumas carícias do jogo em prol de um resultado imediatista.

Guardiola, técnico do Barcelona, possessivo, controlador, cafajeste. Um manipulador que aposta tudo nas preliminares, ataca para fazer o gol apenas no último suspiro. Simultâneo. Às vezes múltiplo.      

Deu no que deu.


Que comece a nova temporada. Texto eternamente em construção.  


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SOLTARAM UM (da série, TEXTOS DE SEGUNDA)




That´s some bad hat Harry.
do filme Jaws


É preciso histórias. É preciso recontá-las. Essa é só mais uma vez.

A dúvida amarra a religião, assim como a busca pelo dinheiro amarra o mercado e como gosto cultural amarra um povo. Japoneses gostam de peixe fresco. Sendo assim, o peixe deve ser pescado e imediatamente consumido, o problema está em não haver tanto peixe para ser pescado e consumido na costa do Japão. Há mais japoneses que peixes japoneses. Então a busca pelo dinheiro fez com que os barcos fossem cada vez mais longe, para pescar os peixes na quantidade necessária. O problema foi que devido à distância os peixes não voltavam frescos, e como já foi dito, japoneses gostam de peixe fresco.

Houve a idéia de congelar os peixes ainda nos barcos, que vinham de cada vez mais longe. Peixe congelado não é fresco, diria sabiamente um japonês. O que fazer então? Parar com os peixes? Não. Houve a idéia de criar tanques nos barcos. Os peixes não seriam mais pescados, seriam só, e somente só, capturados. Porém, vida em um tanque não é igual à vida no oceano. Os peixes, após poucas horas, estavam fatigados do seu próprio movimento, estavam rendendo-se à clausura forçada, deixando-se morrer, ficando assim, em um estado de pré-morte, com o gosto metafórico da tristeza e da desilusão. O gosto da falta de fibra daqueles que já não lutam, daqueles que só, e somente só, assistem ao espetáculo. São as crianças e os velhos, etários ou psicológicos.

Um peixe desiludido não é fresco, fato facilmente constatado pelo gosto japonês. Houve então a solução, não-óbvia, mas demasiadamente eficiente. Soltaram, em cada tanque, um tubarão. Se alguns peixes não foram comidos? Sim foram, mas os que restaram, como estavam vivos. Não há nada que faça sentir-se mais vivo do que a espreita da morte, o medo supremo batendo à porta do coração, causando a inquietação aguda da vida, a vibração típica do existir.

Ao invés de parar, complique. Só colocando um tubarão no tanque é que você verá o verdadeiro peixe. E assim pode até conseguir o sucesso... Como aqueles peixes, que após a grande luta, ganharam a glória de poderem ir, finalmente frescos, para o prato do freguês japonês.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

OBSERVAÇÕES (da série, Ele & Ela)

Emile Durkheim


Ela tem aspirações de chef e ele gosta de comida congelada. Ela pedagogia, ele engenharia. Ela casa, ele festa. Ela vodca, ele vinho. Ela sossego, ele dança. Ela lambada, ele samba. Ela legião urbana, ele Oasis. Ela metonímia, ele metáfora. Ela calor, ele frio. Ela irritada, ele calmo. Ela concreta, ele fugaz. Ela Durkheim, ele Saramago. Ela praia, ele montanha. Ela acorda cedo, ele tarde. Ela Veríssimo, ele Young. Ela zen, ele cigarro. Ela telefone, ele esporte. Ela engajada, ele indiferente. Ela bate-papo, ele jornal.  Ela perto, ele longe. Ela idealista, ele fútil. Ele escreve, ela não comenta.
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Ele: Entre uma mentira doce e uma verdade que machuca, sempre esqueço qual escolher.
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Ela: Compro para esquecer as dívidas.
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Vendo o filme Kama Sutra:
Ele: Querida, você está pensando no mesmo que eu?
Ela: Sim.
Ela: Ela deve fazer pilates.
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Amiga: Acabou tudo então?
Ela: Sim.
Amiga: Mas qual o motivo que ele deu? Me conta.
Ela: Que ele não me ama... não gosta de ficar perto de mim... que fica com falta de ar de se imaginar passando de novo pela triste coreografia de fazer sexo comigo. Esses são os vagos motivos que ele dá, mas acho que só está sendo educado. Na verdade, acho que ele não gosta da minha comida.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DO BÁSICO VIVEM OS BESTAS (da série, TEXTOS DE SEGUNDA)



Básico - UFSC




Você quer uma história, não quer meu bem?

Não me prontificava a escrever nada de novo já fazia um bom tempo. Nisto estava preso num engarrafamento monstro, de Curitiba para Florianópolis, para passar o réveillon.  Sexta-feira, 30 de dezembro, pensa... Deus e mundo estavam descendo para as praias, como dizem por aqui.
Mexendo na internet para passar o tempo, num site engraçadinho que eu acompanho (http://www.casalsemvergonha.com.br/), achei o concurso: colunista sem vergonha. Basicamente, era escrever um texto sobre Sexo, Amor, Atitude, Listas ou Lifestyle (as categorias do site). Enviar para o pessoal que eles publicariam o texto no site, fariam votação e os colunistas mais bem votados fariam parte da equipe em 2012. Bem, como até eu que sou cético acho que ano novo temos de mudar em algo, ajudado pela galera do pedágio que não se entendia e o trânsito que não fluía, resolvi tentar. Isso aos 45 do segundo tempo, pois diziam as regras, o texto deveria ser enviado para que avaliassem e publicassem em 2011, ou seja, daqui a um pouco mais de 24h.
No fim, nem sei se fui avaliado ou não. Meu texto não entrou para concorrer, mas relembrei ali que escrever é algo que me dá prazer. Passatempo, relaxa... A estética das letras preenchendo a tela branca, construção de frases, de idéias... Vai dizer que não é legal? Um dia ainda escrevo um livro. Só não resolvi ainda, se antes não deveria vir a árvore ou o filho.
Bem, para não desperdiçar o texto, segue o que foi enviado para apreciação:
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Categoria: Atitude
Título: Do básico vivem os bestas

Hehe.

“Sei o básico.” _ Esta é uma resposta comum quando a pergunta gira em torno do nível do conhecimento sexual. Mas afinal, qual é o básico? Eu não sei. Imagino que você também não. Creio que nem quem se proclamou conhecedor do básico, saiba realmente seu significado e seus limites.

Muitos falharam conosco. Pais, escola, amigos e nós mesmos. Há a educação formal, aquela dos livros e existe também a educação informal, aquela da rua, das experiências... Já o sexo, incluindo aí: a conquista para se ter sexo, o ato sexual em si e como manter o sexo em sua rotina; parece ser um assunto que não se encaixa em nenhuma categoria. É algo freestyle, um conhecimento que não se difunde, não se perpetua e por isto os mesmos erros são repetidos por muitos. Daqui a n anos, é bem provável que outra geração esteja discutindo os mesmos conflitos, as mesmas dúvidas... Manchetes holográficas de 2050: “Tamanho realmente importa? – revista playman”; “Ele não mandou um holograma no dia seguinte? – revista lua nova”; "Como fugir da frase: Vamos ser só amigos. – revista beta".

Há, obviamente, livros sobre o assunto, mas em geral caem na mera descrição biológica ou no marasmo da auto-ajuda. Há revistas que prometem a revolução sexual na sua cama a cada nova edição, com malabarismos e dicas tão confiáveis quanto um silicone francês.

Viver não é fácil. Nascemos, crescemos, estudamos, machucamos, sofremos... Ser humano dá trabalho. Estranho, então, pensar que seu conhecimento e desempenho sexual melhorará assim, naturalmente. Sem esforço. Com você sentado numa cadeira.

Sexo é um assunto polêmico, dinâmico e instigante. Quando achamos algumas respostas, mudam-se as perguntas. Então, melhor começar logo. Já que você entrou neste blog, curiosidade já mostrou. Aproveite que temos aqui uma plataforma com pessoas interessantes, democrática e que não transmite DSTs.

Yoni massagem, beijo grego, ménage, ciúme, relacionamento aberto... São os assuntos da pauta. Menos hipocrisia, menos orgulho, menos vergonha e mais busca de informação no ano que se inicia. Na melhor filosofia googleana, a ferramenta é nossa, mas a procura é sua. Teoria e prática.

Assim se um dia lhe perguntarem o que você sabe sobre sexo, poderá fugir do “Básico” e responder um “Muito”, seguido de uma risada maliciosa.

Hehe.